Os
jornais, rádios, televisão, a mídia como se denomina, hoje, produz uma
imensidade de notícias sobre vítimas dos desequilíbrios humanos. Ora, são
pessoas feridas e mortas por bombas, em outro canto do planeta meninas são
violentadas, por motivos religiosos (?) por desejarem estudar e viver com
normalidade.
Aqui e acolá religiosos, de várias crenças, que aparecem à sociedade como
guardiães da moralidade, surpreendem a todos nós por atitudes de aviltamento, aniquilação,
violência sexual com pessoas que estariam sob sua proteção e bênção (?). São os
sepulcros caiados do evangelho, por
fora aparência belas e corretas e por dentro maldade e podridão.
Adultos que sequestram jovens e adolescentes e as confinam anos a fio,
como feras em jaulas. Distantes do mundo,
as vítimas conseguem por acaso ou sorte escapar da vigilância de seus algozes e
pedir socorro, como vimos no caso recente das moças de Cleveland.
Não se pode mais circunscrever os desequilíbrios dos sociopatas ou
psicopatas a determinados lugares ou regiões do globo. Nos países avançados,
nos lugares mais desprovidos dos avanços tecnológicos e econômicos, nos quatro
cantos da terra verificamos o surgimento de vítimas desses desequilíbrios. Não
cabe mais a Europa ou a América do Norte apontar o dedo para os outros povos acusando-os
de crime, quando dentro de seus territórios a tragédia do assassinato das
populações se faz presente todo o tempo. As pessoas morrem trabalhando,
rezando, divertindo-se como alvos da incúria das autoridades e dos desequilíbrios
pessoais e sociais.
Estudiosos de vários matizes são pródigos em argumentar que a violência é
própria do ser humano e que não há muito a fazer, senão deixar claro os
mecanismos de controle para intimidar os malfeitores. Mas será assim mesmo?!
Não há recuperação para a humanidade? Tudo o que resta é intimidar, reprimir e
encarcerar?
Estaremos deixando de lado a possibilidade da educação dos sujeitos desde
o início de suas vidas? Sabemos pelos cientistas que os anos iniciais da vida
das pessoas são significativos na formação da personalidade e do caráter. Parece
que isso ainda não foi superado, não só como tese acadêmica, mas como
experiência cotidiana. Então, será que os investimentos na formação dos
sujeitos estão sendo suficientes aqui e em outros países?!
Formação que signifique valores universais como a vida. Pois é lógico que
os jovens que lançaram a bomba em Boston não eram analfabetos nem tinham problemas
de inteligência ou equivalente. Mas, quais eram seus valores? Que lhes foi dito
sobre a vida? E os jovens brasileiros que atearam fogo na dentista, aqui em São
Bernardo, que sabem sobre a vida como um valor? E o que pensam sobre o assunto os líderes mundiais, como
o coreano, que desejam dominar o mundo pela bomba atômica?
O que nos ocorre pensar é que os desequilíbrios que produzem vítimas não podem
ser considerados, apenas, como impactos das notícias que invadem nossas casas e
incomodam a nossa tranquilidade. Há que se produzir uma nova compreensão do
fenômeno da violência, não como algo marginal em nossos estudos, reflexões e
experiências, mas como um forte eixo que requer a expressão de valores e o avanço
na exigência de todos
para com todos na demarcação de uma postura séria diante de autoridades e
governos, organizando uma sociedade civil que viva uma política de “cuidado com
o mundo” como propõe Hannah Arendt.
Cecilia Pires
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