11.7.17

Aceitar as diferenças... um desafio

Num calendário de mensagens está a seguinte reflexão: “Cada um de nós tem seu modo de pensar e de agir. São diferenças muito importantes, que enriquecem as opiniões e auxiliam nas decisões. Aceitar as divergências significa abrir-se para aprender e reconhecer a capacidade e o talento das outras pessoas”.
Lembrei dessa mensagem ao ordenar minhas impressões de viagem. Incomensurável as diferenças entre os povos, as nações, as culturas, o que produz uma oportunidade de aprendizado, de crescimento e sobretudo de compreensão de outros mundos, de outras visões, de outras formas de viver. Penso tudo isso com extremo respeito, ainda que causem impactos e incidam sobre valores que adoto e que nem sempre são os mesmos dos outros. Viajar também é compreender espaços de tempo e de história que desafiam.
Percorrendo sítios arqueológicos de cidades históricas, ruínas de templos de deuses adorados, caminhos e lugares em que o povo se manifestava votando as leis, como a ágora de Atenas, por exemplo, me remetem a pensar as formas de vida que a humanidade escolheu para viver. Você se permite imaginar filósofos e legisladores atuando nesses lugares! Você reflete sobre uma certa ousadia, quando foi criada uma forma de participação conjunta, chamada democracia, cuja origem dêmos, denota a parte de um território em que habita um grupo ou uma comunidade. Ganha mais tarde o sentido político de povo, cidadãos que votam as leis. Essa cultura democrática se perdeu nas mudanças históricas.
Andar pelas ruas de Atenas me faz sentir parte dessa história não só dos gregos, mas de toda humanidade, por ser a história do pensamento. Cruzar o caminho das pessoas de cultura diferente da gente é sempre uma troca e um alargamento da própria compreensão, como sujeitos do tempo e do espaço planetário. Das vestes às comidas, tudo se torna um dado para o pensamento. E os relatos estimulam os porquês da Filosofia, os quais dançam, com veemência, na mente do visitante.
Aeroportos, portos, ruas, cidades, ilhas oferecem ao coração e mente mais motivos de análises e questões. Por que algumas mulheres devem estar cobertas dos pés à cabeça como necessidade de esconder o corpo? Fico a imaginar como se sente uma mulher assim escondida, tendo apenas os olhos como ponto de contato com o mundo?! Como elas contatam e afagam seus filhos?! Que sentem as crianças dessas mulheres cobertas, cujos véus buscam separá-las do mundo? Separam também dos afetos??
No mesmo instante em que vejo essas pessoas reclusas em suas vestes, contemplo no mesmo ambiente uma jovem mãe, amamentando seu bebê, evidenciando seu corpo. Fico a pensar como a cultura, os ritos, as religiões, os costumes, as tradições podem libertar ou aprisionar os sujeitos. São reflexões que me assaltam, enquanto como todos sou peregrina deste mundo.
Singrar pelo mar azul, observar o voo tranquilo das gaivotas, que destemidas chegam estimuladas pelos alimentos oferecidos pelos passageiros do navio, sentir a natureza magnífica em sua complexidade de montanhas e ilhas é viver a intensidade de uma alegria dionisíaca e de um ordenamento apolíneo. A Grécia me fez sentir essas emoções. Singular!

Pensar, entender e aceitar as diferenças são desafios para todos.  Desenhos de vida que me tocam e me movimentam para desejar um futuro em que a humanidade se sinta feliz.