A data 13/03/2013 pode
ser um número significativo para a numerologia ou para algum discípulo perdido
de Pitágoras, neste século. Não assume, entretanto, tanta evidência nos
meandros do catolicismo, que não lida com números cabalísticos. O que ocupa e
preocupa a mente dos cristãos é o rumo que será dado à Igreja nos tempos
atuais.
A questão da escala
numérica se destaca ainda mais por ser o escolhido o primeiro papa
latino-americano, o primeiro jesuíta e o primeiro que assume o nome de
Francisco, inspiração que nos remete à simplicidade e ao enfrentamento dos
poderosos. Francisco peregrino e comprometido com os pobres é uma grande figura
da Igreja!
O que me ocorre, neste
momento, em que todas as mídias detalham a vida do novo Pontífice, é pensar na
esperança de um efetivo diálogo inter-religioso, associado com atitudes de
acolhida das subjetividades nas suas diferenças étnicas, ideológicas,
nacionais, econômicas e, sobretudo, no respeito que uma autoridade desse porte
deve manifestar com os caminhos que a humanidade procura trilhar entre acertos
e erros.
Há entre nós, mulheres, o
desejo de participação em todas as esferas da vida. As teólogas, nas suas
organizações internacionais, explicitam a vontade de rupturas, em que o domínio
masculino na Igreja possa ser vencido. Se Francisco, naquele momento da Idade
Média, assumiu atitudes de coragem e liberdade ao viver sua crença, podemos
imaginar que este Francisco I possa se aproximar da figura de seu
inspirador. Por que não repensar a
hegemonia masculina?!
Ao ver aquela multidão
saudar com acenos entusiastas a figura do novo Papa, pensei nas mãos erguidas
como acenos de esperança, sinais dos
tempos, que se renovam em desafios diferentes daqueles do período medieval.
São desafios da simplicidade e da coragem, que pode ser a nova face de uma
Igreja, a qual, nesse momento da história, apareceu ao mundo assolada por
perturbações e conflitos de toda ordem, próprios das subjetividades.
A América Latina,
continente invadido e explorado, talvez tenha razões para se sentir reconhecida
como parceira de diálogo e propositora de renovações. Por que não?
A Igreja, na figura do
Papa, pode representar um novo acerto ecumênico, resgatando propósitos
libertadores, a serviço dos mais pobres, humilhados e ofendidos, de acordo com
a missão que recebeu de seu fundador. Sua universalidade pode ser estendida
realmente a todos os povos, especialmente àqueles que foram as maiores vítimas
da escassez. Quando a África e a Ásia tiverem superado a fome, talvez possamos
destacar a presença generosa da Igreja, numa missão profética e reconciliadora.
Não temos mais reis e príncipes a disputarem o trono de Pedro, mas temos ainda
os laços do grande capital querendo se estender e dominar o lugar da
generosidade e da doação.
Partilho essas ideias com
o interesse da interlocução comprometida e crítica, especialmente, querendo ver
ainda a prática do que foi registrado nos Atos dos Apóstolos: “Vede como eles
se amam”. Um registro que não deveria ficar perdido no tempo, apenas para deleite
dos bons leitores das Escrituras.