27.6.11

UM POUCO DE ROUSSEAU

Rousseau caracteriza a soberania como sendo inalienável:

não sendo a soberania senão o exercício da vontade geral, jamais se pode alienar, e que o soberano, que nada mais é senão um ser coletivo, não pode ser representado a não ser por si mesmo; é perfeitamente possível transmitir o poder, não, porém a vontade.

Nós brasileiros precisamos ler mais Rousseau para praticarmos uma soberania honesta e sem sombras. A soberania é do povo e a representação sempre é problemática, pois esbarra nos princípios da igualdade democrática.

15.6.11

QUAL O CRITÉRIO DA PRESIDENTE DILMA?

A imprensa noticia que Dilma Rousseff, presidente do Brasil, não receberá, em audiência, a iraniana Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz de 2003.
A questão que se apresenta no âmago de um pensar político, delineado pelas relações subjetividade e poder, é a seguinte: qual é o critério da Presidente Dilma? Que razões a levam a declinar da oportunidade de dialogar com essa personalidade pública, vinda de um país marcado pelo fundamentalismo religioso e sobretudo vítima da discriminação de um senhor perverso como Ahmadinejad?
Não vou falar do lugar-comum, ou seja, que se trata de uma mulher. Trata-se de uma pessoa que luta em seu país pela defesa dos Direitos Humanos. Não mencionarei, também, o fato de a Presidente Dilma ter experiência de direitos violados e da importância de ser acolhida a denúncia por pessoas solidárias ou militantes, que se envolvem com a causa da humanidade, sendo a principal o projeto de liberdade.
Como entender as razões de Estado, nessa circunstância? Até quando o poder imolará o sujeito em suas tramas, por um agir estratégico sobrepujando um agir ético?
Estará a Presidente Dilma mal assessorada, nesta área? Quem de nós é capaz de contestar a luta digna e necessária da visitante do Irã? Por que a Presidente Dilma não ouviu as organizações de Direitos Humanos do Brasil, antes de tomar a decisão de não receber Shirin Ebadi?
Espero que a sensibilidade política da Presidente Dilma possa falar alto e ela se recomponha desse gesto, que se apresenta de forma negativa para um país que viveu a ditadura e ainda sofre com a impunidade dos algozes.
Receber Shirin Ebadi teria sido uma atitude nobre, como demonstração da nossa autonomia face aos interesses mesquinhos de ditadores.