13.6.13

A Sociedade em Redes



Manuel Castells, sociólogo espanhol, na conferência intitulada Redes de Indignação e de Esperança, que proferiu no circuito Fronteiras do Pensamento, analisou o mundo atual como se mostrando em redes sociais. O padrão comum se manifesta na sociedade em redes, cuja aparição ocorre pelos movimentos sociais, que buscam e almejam mudanças sociais.
Essa mobilização supera o medo e manifesta indignação, usando a tecnologia da internet, como forma de organização para que ocorra o processo de comunicação entre os indivíduos integrantes das redes sociais. Pode começar desde amigos que se relacionam, passando por grupos de interesse comum face à violação de direitos, que se organizam entre o espaço físico e o espaço virtual. São espaços em que se formam as identidades desses grupos, que não são abstratos e compartem a vinculação a determinados objetivos. Não dividem poderes e nem compartem Partidos, pois o que lhes interessa é a horizontalidade da comunicação. “Vamos devagar, porque vamos longe” assumem como lema de seus encadeamentos sociais. Tudo isso manifesta uma mudança de perfil na sociedade, tendo a internet como base tecnológica; lembra a rede elétrica na era industrial.
A mobilização coletiva resulta, hoje, nas formas de comunicação de um determinado tempo. No tempo atual, a comunicação está baseada nas redes sociais. Temos uma humanidade conectada, refere Castells, mostrando dados que revelam 3 bilhões de usuários.
O surgimento dos movimentos sociais é uma resposta à indignação pelas condições econômicas e sociais determinadas. Uma imagem se espalha com rapidez, principalmente uma imagem de opressão e isso revolta, indigna, mobiliza. Aconteceu nos EUA, na Síria, na Turquia e agora estamos vendo no Brasil.
Além das redes da internet, há muitas outras redes. Elas não são burocráticas e por isso são ágeis e ocupam o espaço público. São visíveis os movimentos oriundos dessas redes e desafiam a ordem estabelecida. Vários são os problemas que dão origem aos movimentos em rede, desde a ecologia até as manifestações em defesa dos diferentes direitos das pessoas. Aí se constrói um espaço de poder, que se espalha nas redes de forma viral. As pessoas se identificam e manifestam sua indignação.
Não há lideranças ou as lideranças não se estabelecem como na organização formal. Não há necessidade de filiação ou representação. A horizontalidade é, pois, o mecanismo dessa forma de participação social. É um novo jeito de pensar a democracia exercitada na prática da ocupação do espaço público. . Os movimentos sociais em rede não têm a pretensão do poder instituído, não buscam a mudança política no sentido tradicional. Não reconhecem o sistema atual como representativo de seus interesses e a indignação surge, exatamente, por esta razão, por combater a perversão nas atuais formas da democracia no poder.
Se a sociedade está em redes, se estamos plugados uns nos outros por esse sistema, trata-se de fortalecer a esperança de que se possa experimentar outra forma de viver em sociedade, de modo menos vertical e mais mobilizador e transformador.
Cecilia Pires

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