Manuel Castells, sociólogo espanhol, na conferência intitulada
Redes de Indignação e de Esperança, que
proferiu no circuito Fronteiras do
Pensamento, analisou o mundo atual como se mostrando em redes sociais. O
padrão comum se manifesta na sociedade em redes, cuja aparição ocorre pelos
movimentos sociais, que buscam e almejam mudanças sociais.
Essa mobilização supera o medo e manifesta indignação,
usando a tecnologia da internet, como forma de organização para que ocorra o
processo de comunicação entre os indivíduos integrantes das redes sociais. Pode
começar desde amigos que se relacionam, passando por grupos de interesse comum
face à violação de direitos, que se organizam entre o espaço físico e o espaço
virtual. São espaços em que se formam as identidades desses grupos, que não são
abstratos e compartem a vinculação a determinados objetivos. Não dividem
poderes e nem compartem Partidos, pois o que lhes interessa é a horizontalidade
da comunicação. “Vamos devagar, porque vamos longe” assumem como lema de seus
encadeamentos sociais. Tudo isso manifesta uma mudança de perfil na sociedade,
tendo a internet como base tecnológica; lembra a rede elétrica na era
industrial.
A mobilização coletiva resulta, hoje, nas formas de
comunicação de um determinado tempo. No tempo atual, a comunicação está baseada
nas redes sociais. Temos uma humanidade conectada, refere Castells, mostrando
dados que revelam 3 bilhões de usuários.
O surgimento dos movimentos sociais é uma resposta à
indignação pelas condições econômicas e sociais determinadas. Uma imagem se
espalha com rapidez, principalmente uma imagem de opressão e isso revolta,
indigna, mobiliza. Aconteceu nos EUA, na Síria, na Turquia e agora estamos
vendo no Brasil.
Além das redes da internet, há muitas outras redes. Elas
não são burocráticas e por isso são ágeis e ocupam o espaço público. São
visíveis os movimentos oriundos dessas redes e desafiam a ordem estabelecida.
Vários são os problemas que dão origem aos movimentos em rede, desde a ecologia
até as manifestações em defesa dos diferentes direitos das pessoas. Aí se constrói
um espaço de poder, que se espalha nas redes de forma viral. As pessoas se
identificam e manifestam sua indignação.
Não há lideranças ou as lideranças não se estabelecem
como na organização formal. Não há necessidade de filiação ou representação. A
horizontalidade é, pois, o mecanismo dessa forma de participação social. É um
novo jeito de pensar a democracia exercitada na prática da ocupação do espaço
público. . Os movimentos sociais em rede não têm a pretensão do poder
instituído, não buscam a mudança política no sentido tradicional. Não
reconhecem o sistema atual como representativo de seus interesses e a indignação
surge, exatamente, por esta razão, por combater a perversão nas atuais formas da
democracia no poder.
Se a sociedade está em redes, se estamos plugados uns
nos outros por esse sistema, trata-se de fortalecer a esperança de que se possa
experimentar outra forma de viver em sociedade, de modo menos vertical e mais
mobilizador e transformador.
Cecilia Pires
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