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BRASIL
Ética da necessidade volta-se aos marginalizados
SÃO LEOPOLDO, Maio 6 (alc). Dos gregos aos seguidores de Nietzsche, o
conceito de ética sempre esteve voltado à disciplina, aos bons costumes, ao
zelo pela virtude e à obediência aos regulamentos. Um outro enfoque, o da
"ética da necessidade", desponta como o mais recente desafio à Filosofia
Política.
Segundo a doutora em Filosofia e professora do Programa de Pós-Graduação da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Cecília Maria Pinto Pires,
a filosofia precisa "ser menos casulo e caminhar pelas ruas". Ela chamou a
atenção para aqueles que se comportam obedecendo a critérios de necessidade,
carência e exclusão no seu dia-a-dia.
Pires é autora do livro "Ética da necessidade e outros desafios",
apresentado na terça-feira, 3, no espaço Sala de Leitura, promovido pela
universidade de São Leopoldo. A filosofia, disse a pesquisadora, deve
preocupar-se com a humanização do homem e cuidar para que todos desfrutem da
felicidade neste século.
Ao destacar alguns tópicos do livro, Cecília assinalou que "a ética nunca se
preocupou com a escassez, com a carência, com a necessidade". Ela postula a
idéia de que no comportamento do excluído social há valores desconsiderados
pelas definições normativas, de bases universalistas ou discursivas.
"Os despossuídos procuram suprir suas faltas de modo imediato, sem atenção a
um projeto maior que resgate uma ação cidadã e democrática. É uma ética que
se pauta por valores da urgência social, que não tem o tempo da vida e da
sobrevivência para se envolver com a formalidade, com o regramento
convencional", explicou a professora em artigo no boletim IHU-On Line, da
Unisinos.
A ética da necessidade, enfatizou, evidencia a racionalização das carências
entre os excluídos sociais. Cecília Pires identifica um imaginário caótico,
baseado na lógica das carências e não na lógica das satisfações, "que se
apresenta reduzido às circunstâncias da falta, cujo pressuposto é a
imanência, a imediatidade, a percepção de que há um corpo-consciência
faminto, excluído da vida boa e justa, e excluído da vida feliz".
Daí que a ética da necessidade vem pautada pelos valores da urgência social.
A pesquisadora alertou que o desejo reprimido pela exclusão pode fazer
emergir manifestações violentas. No campo dos direitos humanos, a professora
de filosofia destacou a vida como um direito maior, destacando a democracia
como valor histórico e universal.
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