6.4.10

MINHA FALA

HISTÓRICO

Eu gostaria de começar minha fala situando as questões históricas da Alemanha, após a Segunda Guerra Mundial. Os conflitos armados e ideológicos que separaram o povo alemão. É verdade que isso demonstra a expressão totalitária de governos, que imaginam interromper pensamentos e ações, por levantarem muros e separarem as pessoas.
Após a Segunda Guerra, e, 1949, por decisão das potências vencedoras, (EUA, Reino Unido, França e URSS) a Alemanha é dividida em 2, parte oreintal e ocidental, cada uma subordinada as potências ocidentais e do leste europeu.
Após esse ato de ferocidade geo-política, por decisão do Pacto de Varsóvia, na noite de 12 para 13 de agosto de 1961 ergue-se um muro dividindo fisicamente as duas Alemanhas, deixando mais feroz a divisão ideológica já realizada, anteriormente.
Os 28 anos (13 de agosto de 1961 - 8 de novembro de 1989). em que esse Muro permaneceu demarcando territórios não foi suficiente para arrefecer os ânimos dos que desejavam a liberdade fundamental de ir e vir.
É evidente que há questões econômicas, além das questões político-ideológicas. O regime da RDA não pode se sustentar, não teve capacidade de investimento e de inovação metodológica, além do mais perde o apoio estratégico de seu maior aliado a URSSS, protagonista maior da guerra fria.
O enfraquecimento da liderança radical de Erich Hoenecker, substituído pelo reformista Egon Krenz precipitou o atendimento ao eco popular pela derrubada do muro, que ocorre as 22 horas da noite de 8 para 9 de novembro, 1989.
Mikhail Gorbachov via perestoika é o grande líder que viabiliza a derrubada material do muro da “vergonha”.

ANÁLISE

É evidente que as idéias não precisam estar cercadas por muros para se realizarem. É por isso que os autoritarismos e totalitarismos tendem a desaparecer ou a se fragilizarem no mundo contemporâneo.
A luta internacional pelos Direitos Humanos, na sua face de direitos dos povos e nações faz frente contra os governos que impedem a liberdade de ir e vir das populações, ainda que existam essas situações de aviltamento das subjetividades e dos povos, como é o caso do Muro que Israel ergue na Cisjordânia e do Muro que os EUA erguerem na fronteira mexicana.
Os jovens alemães nascidos em 1989, (entrevistados por TV e jornais) uns mostraram indiferença diante do fato comememorado hoje, afirmando que não interessa esse assunto a eles, outros falando sobre o fato, mas sem grande entusiasmo. Os velhos mostram divisões também, um entrevistado disse que abriu-se um caminhão cheio de bananas vindo do ocidente e jogava bananas para a população. E ele se perguntava: nos libertaram com bananas?
A pergunta é o que mudou na melhorias da via do povo alemão? As opiniões estão divididas – há os que vêem o avanço tecnológico aparecendo na vida cotidiana e outros permanecem com dificuldade de empregos, etc. A imprensa, entrevistando especialistas, informa que só em 2007, voltou ao PIB de 1989.

OS DISCURSOS E A FALA FILOSÓFICA

Quando caiu o muro de Berlim, as comemorações se sucederam, as pessoas se abraçaram comovidas, as famílias se encontraram depois de longos anos e tudo foi festa. A queda põe por terra as atitudes autoritárias e totalitárias pela força da razão e da liberdade.
Eu penso que o muro nunca deveria ser erguido e já deveria te sido derrubado, antes, dado o seu envelhecimento como símbolo e asua vilania, como relação política entre os sujeitos.
Com a queda do muro tombaram, também, os projetos estabelecidos por uma espécie de saber onipotente.
O que não caiu com o muro (e, aqui está o engano de muita gente) foi o projeto humano e liberdade e libertação. Com a queda do muro não sucumbiu o desejo de construção de uma vida democrática participativa, onde a igualdade de opotunidade deve ser para todos.
Quais oportunidades? Aquelas que indicam qualidade de vida econômica, social, cultural, como saúdem habitação, emprego, trabalho, lazer, educação.
Sabemos que além da metáfora da queda do muro,que virou cinzas, não há quedas ou construções absolutas. As relações se fazem e se desfazem no processo dinâmico do confronto de idéias, de armas, de interesses, de poderes, de motivações. As controvérsias fazem parte da razão humana.
Tudo isso nos leva a pensar que a queda do Muro de Berlim foi uma excelente queda, uma estrondosa derrocada de um tipo de autoritarismo, em nome do socialismo, sem nenhum sentido transformador.
Essa queda realmente nós comemoramos, por apresentar um desafio para outro momento da história – o momento de construção de uma sociedade, onde os muros não precisam ser erguidos, na defesa de idéias.
O desejo de vermos caídos os muros que dividem povos e nações pelos mais variados motivos deveria ser crescente, para que superássemos o preconceito ideológico, político e econômico, quando se denuncia a presença de alguns muros e não se tem a mesma atitude face a outras discriminações realizadas por governos entendidos como liberais.
E há mais muros simbólicos e materiais. A fome, o analfabetismo. A doença, o aviltamento das pessoas são fronteiras sociais e econômicas a serem derrubadas. Em nosso país e em nosso continente.
A questão é: será que nós queremos que muros desse tipo caiam? Ou só sabemos comemorar a queda de muros dos que estão distantes de nós?

Cecília Pires

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